Idealizador de uma nação que presumia ser perfeita – a arrogância do sábio –, Merlin se depara com ela em crise. Há uma guerra que entrava o progresso, e Merlin é chamado para desfazer o imbróglio. No meio do trajeto encontra com a figura bela e misteriosa de Niniane, a princípio uma desmemoriada.
Apaixonam-se. Merlin, porém, entra num conflito: tem de escolher entre a tarefa que lhe foi confiada – apaziguar a nação que engendrou, mantendo intactos seus planos iniciais – e o amor. Se a paixão é uma novidade para ele, que nunca lidou com esse sentimento, mostra-se como um desafio para ela, pois ele reluta em aceitá-la.
Uma percepção de que as coisas podem mudar – tanto no plano pessoal como no coletivo – paira no ar. A peça permite leituras diversas, conforme a bagagem do espectador. Abreu pegou a mitologia celta, da qual Merlin é proveniente, e lhe deu um aspecto novo, contemporâneo.
Os poucos elementos cênicos, como uma cuba onde cabem água e fogo e uma roda que simboliza um fragmento de civilização, marcam a encenação. Cenário e figurinos, de Márcio Medina, e iluminação, de Kleber Montanheiro, estão em sintonia com as cores de fábula que existem no texto.
Petrin e Cristiane trabalham com a narração, por intermédio da qual surgem vários personagens incidentais, e com a interpretação. O prólogo, que aborda o trabalho do ator – Abreu escreveu a peça para Petrin –, enriquece o espetáculo. Ficha Técnica Direção de Roberto Lage. Com Antônio Petrin e Cristiane Lima.
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