Embora pouco conhecida do público, a personagem-título da peça Melanie Klein, em cartaz no Espaço Promon, em São Paulo, existiu. A austríaca, que viveu entre 1882 e 1960, foi discípula de Sigmund Freud e se tornou referência para a psicanálise infantil. Para Klein (Nathalia Timberg), um bebê já nasce tão cheio de amor quanto de ódio. E é essa ambigüidade de sentimentos que norteia a relação entre ela e sua filha, a também psicanalista Melitta Schmideberg (Carla Marins).
Na versão teatral de Nicholas Wright, dirigida por Eduardo Tolentino de Araújo, elas se encontram depois de Melanie receber a notícia de que seu filho Hans sofrera um acidente fatal. A tragédia desencadeia um afiado embate psicológico entre as duas, acompanhado por outra psicanalista, Paula Heimann (Rita Elmôr).
Nathalia Timberg está impecável no papel da psicanalista e tem duas boas companheiras de cena. O público leigo deve estar preparado para alguma dose de jargão do mundo do ego. Mas o humor e um certo sarcasmo intelectual que pontuam o texto preciso prendem a atenção e fazem com que cada espectador se reconheça em algum trecho.
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