O solo é livremente inspirado nas cartas que o dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-80) escreveu para a avó de Beth, a cantora lírica e também atriz Eleonor Bruno, a quem o escritor dedicou a peça "Dorotéia", que estreou em 1949 com Eleonor no papel-título.
Primeira incursão de Beth Goulart como dramaturga, "Dorotéia Minha" é essa personagem buscando sua própria gênese na paixão que a vivificou, sem no entanto mencionar os nomes de Nelson e Eleonor. Mas a influência do dramaturgo recifense é buscada na essência do texto.
"Falo das coisas que ele coloca nos textos dele e, em especial, nas cartas de amor. A gente conhece muito o Nelson das frases fortes, de efeito, e isso o distancia do lírico. Ele tem uma passionalidade e um lirismo muito bonitos, e é uma chance de revelar esse lado." Mestra-de-cerimônias
A estrada, segundo Beth, fez bem à peça. "Quando você viaja com o espetáculo, ele ganha em maleabilidade, e eu tenho sempre que adaptar a performance ao espaço", afirma a atriz. "No Teatro do Centro da Terra, que tem um lounge lindo, onde as pessoas esperavam o início da peça, eu começava ali mesmo e trazia as pessoas para o interior do teatro." No Teatro Folha, a atriz começará a apresentação na platéia.
A proximidade com o público é necessária, já que sua Dorotéia, uma cantora de cabaré, é uma espécie de mestra-de-cerimônias. "Faço perguntas às pessoas, deixo elas responderem, permito que elas expressem o que estão sentindo", diz Beth, que define "Dorotéia Minha" como "um espetáculo dedicado ao amor e à palavra".
Para costurar os três personagens (ele, ela e Dorotéia) e suas emoções, a atriz põe sua voz a serviço de clássicos como "Besame Mucho", "Inútil Paisagem", "Cry me a River" e "The Man I Love", entre outros. Ficha Técnica
Texto e interpretação: Beth Goulart. Direção: Beth Goulart e Victor García Peralta.
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