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Foto do escritorTeatro Folha

Michel III - Uma Farsa à Brasileira

Escrita por Fabio Brandi Torres e dirigida por Marcelo Varzea, a montagem tem como personagem central Michel, um aspirante ao trono, cansado de viver em segundo plano, que resolve conspirar para assumir a coroa.

A peça é uma das montagens produzidas pelo projeto Berçário Teatral e realizou em janeiro deste ano uma bem sucedida temporada no Teatro dos Arcos, sempre com plateia lotada. O público demonstrou interesse na sátira política que cria relação entre as personagens de William Shakespeare e os fatos recentes da política brasileira.

O autor Fabio Brandi Torres se inspirou em “Rei Lear”, “Macbeth”, “Ricardo III”, “Romeu e Julieta”, “Júlio César”, “Hamlet” e até “Sir Thomas More” (texto inédito em português), entre outras obras de Shakespeare, para revisitar o período histórico brasileiro do final do segundo mandato de Lula, passando pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, até o momento presente. O título Michel III remete a Michel Temer, o terceiro vice que se tornou presidente após a redemocratização.

Num ambiente de intrigas e obscuridades, cada personagem das cenas shakespeareanas tem o seu equivalente na política brasileira. Nesta sátira, os personagens fazem referência a figuras protagonistas do jogo político, além de Michel Temer: Lula, Dilma Rousseff, Marta Suplicy, Marina Silva, Eduardo Cunha, Romero Jucá, Sergio Moro; empresários como Marcelo Odebrecht e Joesley Batista; e Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment.

“Michel III – Uma Farsa à Brasileira” usa a comédia como instrumento de crítica e observação do jogo de forças políticas que inclui acordos partidários e seus respectivos rachas de antigas alianças, políticos que são descartados na briga pelo poder, povo revoltado e dividido por posições extremistas. Áudios “vazados”, notícias falsas, memes na internet, delações premiadas, condenações de governantes, enfim, o que compõe o cenário político. “Foram necessários quatro meses de pesquisas sobre os fatos históricos para escrever a peça que fala de ambição e poder, fazendo a relação com os textos de Shakespeare”, explica Fabio Brandi Torres.

O autor acredita que a peça oferece diferentes níveis de leitura e compreensão, conforme o interesse na observação do jogo político e conhecimento da obra de Shakespeare. “Quem não conhece a obra de Shakespeare e não se atentou para os fatos políticos vai entender a trama porque a história que é contada trata de um assunto universal. Mas quem tem referências da dramaturgia e observou os fatos políticos vai perceber mais detalhes”, diz.

O diretor Marcelo Varzea conta que se interessou em participar do projeto porque considera importante preservar a democracia e o poder do voto. “A peça fala de um trono que foi usurpado. Nós, no nosso país, estamos cada vez mais treinados a desvendar o que há por trás dos discursos políticos. A peça também favorece este exercício. Faz rir e, principalmente, faz pensar. Este é meu propósito: insuflar a análise crítica, sem a presença de heróis”, diz o diretor.

O texto evita tomar partido por um dos lados da disputa política, fugindo da polarização. Mas expõe os fatos de maneira que o público possa tirar as suas conclusões. Um dos assuntos tratados é a pedalada fiscal, que foi a justificativa para o afastamento da ex-presidente Dilma. As pedaladas foram legalizas dois dias após o impeachment, quando o governo de Michel Temer sancionou mudanças na lei orçamentária. Este fato está parodiado no texto de Fabio como a Cavalgada dos Fiscais.

Ficha Técnica Texto: Fabio Brandi Torres Direção: Marcelo Varzea Elenco: Marcelo Diaz, Amazyles de Almeida, Martha Meola, Fabiano Medeiros, Lena Roque e Michel Waisman Assistente de direção: Tadeu Freitas Direção de movimento: Erica Rodrigues Trilha sonora: Andre Ha Iluminação: Lena Roque Figurino: Vanessa Wander e Larissa Paulino Visagismo: Igor Miranda

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